História

Localizado na Península da Armação, a Ponta D’Areia, por sua posição geográfica, encontra-se diretamente relacionada às águas da Baía de Guanabara, tendo com o continente apenas as áreas limítrofes com os bairros do Centro e de Santana.

O nome Armação está relacionado à pesca ("armar" os barcos) e ao esquartejamento de baleias, já que a península foi importante porto baleeiro. A vocação industrial veio depois, e com as oficinas de material bélico da Marinha e estaleiros.

Após as obras de urbanização da Vila Real, ordenaram-se os acessos à Armação e Ponta D’Areia, agilizando a ligação com o Centro da cidade.

No século XIX, em um estaleiro que ali funcionava, construíram-se barcos a vapor, caldeiras e peças fundidas em ferro. Posteriormente, na época de Irineu Evangelista de SousaBarão e Visconde de Mauá, a indústria diversificou-se e passou a produzir vários equipamentos, porém com a mudança da política econômica que facilitou a entrada de produtos estrangeiros, veio a falência. Mauá, precursor da industrialização brasileira, é homenageado com nome de rua e do estaleiro sediado na Ponta D’Areia.

Outra empresa que marcou época na economia fluminense, estabelecida também na Ponta D’Areia, foi a Companhia de Comércio e Navegação, de Pereira Carneiro e Cia. Ltda. Possuidora de importante frota de cabotagem e de grandes armazéns gerais, também negociava com sal. Foi desta companhia o dique Lahmeyer, o mais sólido do mundo por ter sido cavado em rocha e que durante muito tempo foi o maior da América do Sul. O dique era usado para manutenção da frota própria e também atendia a outras empresas. O Conde Pereira Carneiro, principal acionista da Companhia de Comércio e Navegação, também construiu a vila que leva o seu nome, existente até hoje. A vila operária foi criada com fins sociais - casas higiênicas(*1) com aluguel módico, escola e até uma capela - para os empregados da empresa. Atualmente a "vila" está incorporada ao patrimônio arquitetônico da cidade.

Em 1893 a Ponta da Armação entrou definitivamente para a história nacional quando tropas amotinadas contra o governo do Presidente Floriano Peixoto, comandadas por Custódio de Melo, apoderam-se de toda munição existente no então Laboratório Pirotécnico da Marinha — que lá funcionava. Apesar do revés inicial, tropas fiéis ao Presidente resistiram em vários pontos da cidade até a vitória. Niterói passou a ser denominada "Cidade Invicta" por alguns historiadores.

(*1) Casas com instalações sanitárias

Em 16 de novembro de 1902 foi erguida a Capela Nossa Senhora da Penha, uma das mais antigas do bairro onde hoje exite em seu entorno a comunidade do morro da penha.

Características

A população da Ponta D’Areia, na sua maioria, tem origem operária, tradicionalmente ligada às indústrias locais e de ilhas próximas, vinculada à construção naval já que o bairro é pioneiro, no Brasil, neste ramo de atividade. Constituída de migrantes, em boa parte oriundos de Portugal, o bairro também conhecido como "Portugal Pequeno".

Sobre a indústria naval é importante ressaltar que Niterói já teve neste ramo industrial sua máxima expressão, apesar da decadência no Século XX e o resurgimento deste setor no início do Século XXI.

As residências da Ponta D’Areia apresentam padrão construtivo predominante do tipo médio degradado, com espacialização horizontal. Especialmente na Vila Pereira Carneiro, outrora núcleo residencial dos operários navais e que hoje abriga uma população de classe média, nota-se a presença de casas de padrão mais elevado.

O comércio de primeira necessidade localiza-se na entrada da Vila Pereira Carneiro (açougue, supermercado, padaria, etc) e o especializado em produtos náuticos e oficinas afins, nas ruas que margeiam a Baía de Guanabara - especialmente a Miguel Lemos e a Barão de Mauá. Merece registro especial o Mercado São Pedro,especializado na comercialização de peixes e crustáceos — de grande dimensão e que atrai clientes até de municípios vizinhos.

A presença de estaleiros é uma constante ainda hoje na Ponte D’Areia. Encontram-se em atividade lá os estaleiros Mauá, Mac-Laren e Cruzeiro do Sul, este pertencente ao Governo do Estado - responsável pela manutenção das barcas da Conerj, que interligam Niterói ao Rio de Janeiro e vice-versa.

No campo educacional, no setor público, há uma escola de primeiro grau e uma pré-escola gerenciadas pelo Município. A Escola de ensino fundamental Nossa Senhora da Penha, no Morro da Penha, ganhou destaque por seus alunos terem obtido boas notas em exame realizado pelo Fundação Municipal de Educação.

As principais vias do bairro encontram-se em situação satisfatória, devido inclusive ao apoio da Associação de Moradores do Morro da Penha e nelas trafegam um linha regular de ônibus.

Na Ponta da Armação, além de um conjunto residencial da Marinha, encontram-se situadas as instalações da Diretoria de Hidrografia e Navegação (D.H.N.), órgão responsável pela elaboração de cartas náuticas.

Por se tratar de um bairro de ocupação antiga, já cristalizada, com uma topografia de morros e declives, as perspectivas de expansão territorial são limitadas, porém as perspectivas de crecimento social são bem abrangentes.

Portugal Pequeno

Portugal Pequeno é uma localidade , no bairro de Ponta D’Areia junto às águas da Baía de Guanabara que sobreviveu às grandes mudanças sócio-espaciais sofridas ao longo do tempo. Trata-se de uma área marcada pela presença da imigração portuguesa em Niterói. A localidade de Portugal Pequeno, marcada pela presença da comunidade de pescadores, manteve a sua função, mesmo com as grandes transformações sofridas com a decadência da indústria da construção naval (década de 1980) e com a construção da Ponte Rio-Niterói.

A revitalização do Portugal Pequeno partiu de uma proposta que envolveu a Prefeitura de Niterói, a comunidade e outras instituições, além do próprio governo português, interessados na recuperação do patrimônio arquitetônico e urbano. O projeto de revitalização coincidiu com as comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, durante a realização do evento Encontro com Portugal, em 1998. As transformações no espaço de Portugal Pequeno foram as seguintes: o asfalto foi substituído por paralelepípedos; o calçamento teve de volta as pedras portuguesas; as casas à beira-mar receberam novas cores; construção de uma praça com desenho inspirado na cruz de malta; construção de quiosques; melhoria na área do deck, com a instalação de bancos;

O objetivo da revitalização de Portugal Pequeno, além de preservar o patrimônio histórico foi turistificar o local onde a bela arquitetura se une à maravilhosa gastronomia portuguesa. Inclusive, em boa parte desses imóveis foram instalados diversos restaurantes.

Entretanto, a turistificação não teve o êxito esperado. Segundo a NELTUR, Portugal Pequeno está localizado fora do circuito turístico. O bairro é servido apenas por uma linha de ônibus. Contudo, a revitalização aumentou o fluxo de pessoas para aqueles restaurantes, principalmente nos finais de semana. Outro ponto importante é que a revitalização acabou por valorizar os imóveis daquela área.